Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron
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Retrato de Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron por David d'Angers (Musée Carnavalet)
Membro associado (d) Académie des Inscriptions et Belles-Lettres | |
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a partir de | |
Nascimento | 7 de dezembro de 1731 Paris |
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Morte | Paris |
Nome no idioma nativo | Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron |
Atividades | linguista tradutor indianista orientalista viajante |
Irmãos | Louis-Pierre Anquetil |
Áreas de trabalho | estudos orientais (en) zoroastrismo indologia |
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Religão | catolicismo |
Membro de |
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Abraham Hyacinthe Anquetil-Duperron (Paris, 7 de dezembro de 1731 — Paris, 17 de janeiro de 1805) foi o primeiro[1] profissional francês estudioso da cultura indiana. Concebeu o quadro institucional para a nova profissão. Inspirou a fundação da Escola Francesa do Extremo Oriente um século após sua morte e, ainda mais tarde, a fundação do Instituto Francês de Pondicherry.[2]
Anquetil-Duperron foi irmão de Louis-Pierre Anquetil, o historiador.[3]
Biografia
Anquetil-Duperron nasceu em Paris. Viveu na Índia por sete anos (1755-1761), onde os sacerdotes parsis ensinaram-lhe o idioma persa, e traduziram o Avestá para ele (provavelmente não é verdade que dominou o avéstico). Editou uma tradução francesa daquela tradução persa em 1771, a primeira publicação impressa de textos do Zoroastrismo. Publicou também uma tradução latina dos Upanixades em 1804.
Foi educado para o sacerdócio em Paris e Utrecht, mas seu gosto pelos idiomas hebraico, árabe, persa, e outras línguas orientais levou-o a mudar de curso para dedicar-se inteiramente a elas. Sua participação diligente na Biblioteca Real atraiu a atenção do zelador dos manuscritos, o abade Sallier, cuja influência proporcionou-lhe um pequeno salário como estudante de línguas orientais.[3]
Anquetil-Duperron primeiramente interessou-se por alguns fragmentos do Vendidade, uma parte da coleção de textos que compõem o Avestá, e planejou uma viagem à Índia para descobrir as obras de Zaratustra. Com este propósito, alistou-se como soldado, em 2 de novembro de 1754, na expedição indiana que estava prestes a partir do porto de L'Orient. Seus amigos conseguiram sua dispensa do serviço militar, e deram-lhe de presente uma passagem, um lugar à mesa do capitão do navio, e um salário, cujo montante foi fixado pelo governador da colônia francesa na Índia.[3]
Depois de uma viagem que durou seis meses, Anquetil-Duperron desembarcou, em 10 de agosto de 1755, em Puducherry. Ali permaneceu um curto período para aprender o persa moderno, e, em seguida, apressou-se a ir até Chandannagar a fim de aprender o sânscrito. Exatamente nesse momento a França declarou guerra à Inglaterra; Chandannagar foi tomada pelos ingleses, e Anquetil-Duperron retornou, por terra, para Puducherry. Encontrou um dos seus irmãos em Puducherry, e embarcou com ele para Surate; mas, visando explorar o país, desembarcou em Mahé e seguiu a pé. Em Surate adquiriu, pela perseverança e contato com teólogos parsis, conhecimento suficiente do persa antigo (avéstico, que Anquetil-Duperron, equivocadamente, chamou de Zend) e línguas do médio persa para traduzir a parte dos textos do Zoroastrismo chamado Vendidade (ou Vendidade Vide) e algumas outras obras.[3]
De lá propôs ir para Benares, para estudar a língua, antiguidades, e as leis sagradas dos hindus; mas a captura de Puducherry pelos ingleses obrigou-o a deixar a Índia. Retornando à Europa em um navio inglês, passou algum tempo em Londres e Oxford, e depois partiu para a França. Chegou a Paris em 14 de março de 1762 na posse de cento e oitenta manuscritos orientais, além de outras curiosidades.[3]
O abade Jean-Jacques Barthélemy conseguiu-lhe uma pensão, com a nomeação de intérprete de línguas orientais na Biblioteca Real. Em 1763 foi eleito associado da Academia de Inscrições, e começou a providenciar a publicação do material que havia coletado durante suas viagens no Oriente. Em 1771 publicou seu Zendavestá (3 volumes), contendo coleções dos escritos sagrados do Zoroastrismo, uma vida de Zaratustra (Zoroastro), e fragmentos de obras atribuídas a Zaratustra. Em 1778 publicou em Amsterdã a sua Législation orientale, na qual tentou provar que a natureza do despotismo oriental foi muito deturpada. Sua Recherches historiques et géographiques sur l'Inde foi publicada em 1786, e fez parte da Geography of India de Joseph Tiefenthaler.[3]
A Revolução Francesa parece ter-lhe afetado muito. Durante esse período, abandonou a sociedade, e viveu em pobreza voluntária com apenas alguns centavos por dia. Em 1798 publicou L'Inde en rapport avec l'Europe (Hamburgo, 2 volumes). De 1801 a 1802 publicou uma tradução latina (2 volumes) do persa do Oupnek'hat ou Upanixade. Este texto extremamente interessante e influente, a primeira tradução de uma coleção de Upanixades em uma língua europeia, apresenta não só a tradução em latim, com muitas palavras em grego, persa, e sânscrito, mas também volumosas notas e ensaios de Anquetil-Duperron. Estas contribuições representam mais da metade do total de páginas do volume do Oupnek'hat.[3]
Arthur Schopenhauer, um dos muitos leitores interessados desta versão especial de cinquenta Upanixades, deparou-se com este livro na primavera de 1814 e repetidamente chamava-o não apenas de seu livro favorito, mas o trabalho de toda a literatura mundial que é mais digno de ser lido.[4]
Referências
- ↑ T. K. John, “Research and Studies by Western Missionaries and Scholars in Sanskrit Language and Literature,” na St. Thomas Christian Encyclopaedia of India, Vol. III, Ollur[Trichur] 2010 Ed. George Menachery, pp.79 - 83
- ↑ Anquetil Duperron, Abraham Hyacinthe. Voyage en Inde. Presentation par Jean Deloche, Manonmani Filliozat, Pierre-Sylvain Filliozat. École française d'Extrême-Orient, Maisonneuve & Larose, pp. 15-32, 1997. ISBN 2-7068-1278-8
- ↑ a b c d e f g Encyclopædia Britannica (1911) entrada para «Anquetil Duperron, Abraham Hyacinthe» (em inglês). , volume 2, páginas 80–81
- ↑ Urs App: Schopenhauer's Compass. An Introduction to Schopenhauer's Philosophy and its Origins. Wil: UniversityMedia, 2014 (ISBN 978-3-906000-03-9)
- Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Anquetil Duperron, Abraham Hyacinthe». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)
Bibliografia
- Pierre-Jacques Charliat, Le temps des grands voiliers, vol. III de Histoire Universelle des Explorations publiée sous la direction de L.-H. Parias, Paris, Nouvelle Librairie de France, 1957, p. 116
- Jacques Anquetil, Anquetil-Duperron, Premier orientaliste français, Paris, Presses de la Renaissance, 2005, ISBN 978-2-7509-0106-6.
- Lucette Valensi. Dictionnaire des orientalistes de langue française. [S.l.: s.n.] ISBN 978-2-84586-802-1 Éditions IISMM-Karthala, 2012 (Voir la fiche biographique)
- Jean-Luc Kieffer, Anquetil-Duperron. L'Inde en France au siècle XVIII, Paris, Belles Lettres, 1983 ISBN 978-2-25135-325-8.
Ligações externas
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- «CTHS - ANQUETIL DU PERRON Abraham-Hyacinthe». cths.fr. Consultado em 6 de novembro de 2023
- «Anquetil-Duperron, Abraham-Hyacinthe - Persée». www.persee.fr. Consultado em 6 de novembro de 2023
- Urs App. The Birth of Orientalism. Filadélfia: University of Pennsylvania Press, 2010 (ISBN 978-0-8122-4261-4); pp. 363–439 sobre Anquetil-Duperron.
- Siep Stuurman, “Cosmopolitan Egalitarianism in the Enlightenment: Anquetil Duperron on India and America,” Journal of the History of Ideas, 68 (2007), 255–278.
- «Internet Archive: Digital Library of Free & Borrowable Books, Movies, Music & Wayback Machine». archive.org. Consultado em 6 de novembro de 2023
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